A Câmara Municipal de Amarante rejeita "liminarmente" a construção de qualquer açude a jusante da cidade, porque implicaria "uma subida do leito do rio Tâmega e a destruição das margens", disse à Lusa o presidente da autarquia. "Concordar com a construção do açude no rio Tâmega seria admitir um aumento da cota de exploração da barragem do Torrão e isso nós rejeitamos em absoluto", acrescentou o autarca socialista, Armindo Abreu.
A construção de um açude no rio Tâmega "imediatamente a jusante da cidade de Amarante" é proposto no estudo preliminar relativo à barragem de Fridão, executado pelos gabinetes "Coba" e "Procesl", que elaboraram todos os estudos relativos às dez barragens com elevado potencial hidroeléctrico.
Segundo o estudo, o açude "evitará os inconvenientes associados à variação de níveis de água ocasionada pela exploração do aproveitamento do Torrão".
Armindo Abreu disse à Lusa que Amarante pretende "um rio natural como está hoje, sem qualquer alteração de cota do leito do Tâmega".
"Não queremos nenhum lençol de água", enfatizou.
No âmbito de um debate organizado segunda-feira pela rádio TSF, o ministro do Ambiente, Nunes Correia, reconheceu que Amarante tem um "enquadramento cénico notável" com o rio Tâmega e considerou que isso é só por si um "valor".
O ministro garantiu também que esse património natural "será ponderado na avaliação de impacto ambiental".
O autarca de Amarante já ameaçou levar a questão ao Presidente da República e aos tribunais se o Governo insistir em construir a barragem de Fridão ou mexer na cota de exploração da barragem do Torrão, no troço final do Tâmega.
Há cerca de 20 anos, por decisão do Governo de então, que aquela barragem é explorada a uma cota inferior em três metros ao máximo previsto no projecto para não inundar as margens do rio que atravessa a cidade.
Armindo Abreu salienta que se a barragem de Fridão for construída a cidade de Amarante "ficará no meio de dois lagos de água pestilenta, onde a qualidade da água se degradará rapidamente devido à eutrofização", um processo que gera excesso de vida vegetal (algas) devido à poluição e à falta de oxigenação.
Fonte:(Marão Online/Lusa)